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  • Foto do escritorLuchelle Furtado

Parar com o desmatamento no Brasil é uma questão de sobrevivência econômica

Webdocumentário “O amanhã é hoje”, lançado durante a COP24 pelo Greenpeace Brasil, aborda as perdas dos brasileiros com as mudanças climáticas

Webdocumentário "O Amanhã é Hoje" - Foto: Divulgação


Por Giulia Requejo e Luchelle Furtado, de Katowice


Durante a Conferência do Clima da ONU, na Polônia, o coordenador de políticas públicas do Greenpeace Brasil, Márcio Astrini, afirmou que o desmatamento desenfreado pode afetar futuramente as reservas de água do país, já que muitas estão no Cerrado, região com altos índices de desmatamento. “A destruição dessa biosfera vai comprometer a questão hídrica brasileira, a biodiversidade e também causará alterações no clima e nas emissões de gás de efeito estufa”.


A preocupação do coordenador é justificada. De acordo com um artigo de pesquisadores do Instituto Internacional para a Sustentabilidade (ISS) e de outras instituições de pesquisa, divulgados no ano passado, mostram que o Cerrado perdeu 46% da vegetação nativa. Se esse índice de destruição for mantido, pode ocasionar a maior extinção de plantas da história e, consequentemente, agravar a seca em diversas regiões do país.


No entanto, a derrubada de árvores no Brasil não se restringe apenas à região Centro-Oeste. Segundo dados divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), a taxa de desmatamento na Amazônia atingiu seu maior nível nos últimos dez anos, com 7.900 km² de floresta desmatada. O alto índice de desmatamento acentua um acréscimo de quase 14% em relação aos anos de  2016 e 2017.


Combate ao desmatamento


O compromisso estabelecido no Acordo de Paris prevê que o Brasil deve eliminar o desmatamento ilegal na Amazônia e promover a recuperação de 12 milhões de hectares de florestas até 2030. Contudo, o documento não reflete a realidade, levando em conta os resultados obtidos até o momento.


O governo brasileiro reconhece a complexidade de levar adiante a redução das emissões e enfatiza a importância do diálogo, de forma que o consenso leve a soluções que possam ser aplicadas ao conjunto da economia.  Em 2016 e 2017, o país reduziu aproximadamente 2,6 bilhões de toneladas de CO² na atmosfera.


Segundo Astrini, a ação que o Brasil deve tomar ao combater o desmatamento não é fácil, porém não tão complexa se comparada com outros países. “Tem que zerar o desmatamento imediatamente, tanto na Amazônia como no Cerrado, porque nestes locais estão grande parte das nossas emissões”, diz. Segundo o coordenador do Greenpeace, manter a floresta intacta é mais fácil do que trocar a matriz energética, uma tarefa de outros grandes 10 emissores globais, nações que nem sempre têm alternativas na redução de emissões, como o Brasil.


Além do benefício ambiental, Astrini completa que é vantajoso parar com o desmatamento também do ponto de vista econômico. “Recuperar essas áreas é extremamente importante para a manutenção das espécies, dos serviços ambientais, dos aquíferos, rios e também para a agricultura, já que essa manutenção influencia a qualidade do solo e da produção agrícola.”


O amanhã é hoje


Durante um evento realizado hoje (06), no Espaço Brasil na COP24, representantes do Greenpeace Brasil lançaram o webdocumentário “O Amanhã é Hoje”, que retrata a vida de seis brasileiros em diferentes estados e regiões do país que tiveram as suas vidas impactadas pelas mudanças climáticas. O filme mostra como a preservação da floresta é importante para o futuro.


Fabiana Alves, coordenadora do Greenpeace Brasil em mudanças climáticas e porta-voz das sete organizações integrantes da produção, conta que a realização do webdocumentário surgiu porque as instituições viram a necessidade de mostrar para todos que as pessoas no Brasil já estão sendo afetadas com as mudanças climáticas. “Queremos mostrar a importância de preservar a Amazônia para que haja a redução das emissões de gases de efeito estufa no Brasil e manutenção das mudanças de clima”. Na opinião de Fabiana, o filme coloca que não é apenas o meio ambiente que está sendo afetado, mas também os direitos de cada pessoa.


O lançamento também contou com relatos de Nara Soares Martins, coordenadora geral da COIAB (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) e pertencente ao povo Baré, da Amazônia. Nara afirmou que os cientistas confirmam teorias que as comunidades tradicionais falam há anos, demonstrando que os conhecimentos de seu povo também contribuem para o equilíbrio do clima.


“Os nossos territórios são a amazônia, a caatinga, o cerrado, a mata atlântica. Muitos falam que os povos indígenas e as comunidades tradicionais são os guardiões da floresta e do clima. Mas nós não somos os guardiões de floresta, de água, de nada. Esses espaços são nosso lar”, declara.


Fabiana ressalta que o documentário tem como objetivo tirar o debate dos fóruns internacionais para pressionar os governos e conscientizar a todos de forma a contribuir para meio ambiente. “Queremos mostrar como os brasileiros estão sendo afetados pelas mudanças climáticas, tendo perdas econômicas e correndo riscos de vida por causo do aumento da temperatura global”.


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