Segundo o Infosiga, 43,53% das vítimas fatais são os condutores de veículos automotivos
Carro capota na Rodovia dos Imigrantes no começo do ano - Foto: Abílio Dias
Luchelle Furtado
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil ocupa a quinta colocação entre os países recordistas em mortes de trânsito no mundo. Em um ranking obtido pela BBC Brasil, a OMS aponta que os acidentes de trânsito são a segunda maior causa de mortes de adolescentes no país de 10 a 19 anos. Já os dados do Ministério da Saúde apontam que, dentre as principais causas de mortes no país, os acidentes de trânsito ficam em terceiro lugar.
Em São Bernardo, o número de mortes no trânsito cresceu no último ano. Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, em 2017, foram registrados 56 ocorrências de homicídio culposo por acidente de trânsito, o que representa um aumento de 16 casos em comparação ao ano anterior, que foi de 40 mortes.
Os casos de homicídio doloso por acidente de transito também aumentaram. Em 2016, uma pessoa morreu na cidade e, em 2017, dois casos foram registrados. Porém, só em janeiro deste ano foram registradas duas mortes, o que representa um crescimento significativo comparado aos anos anteriores.
Segundo o Infosiga, 43,53% das vítimas fatais são os condutores de veículos automotivos. Já o Observatório Nacional de Segurança no Trânsito aponta que dirigir utilizando o celular, alcoolizado, com excesso de velocidade, fazendo ultrapassagens perigosos e conduzir o veículo com sono são algumas causas de acidentes.
Para o engenheiro de transito Rogério Russo, há uma falha na legislação, e que por este motivo os casos de indisciplina no transito são tão frequentes. “É necessário melhorar as leis de transito com mais punições, prisões e reclusões. Isso só vai mudar quando tiver uma punição severa”.
O estudante de T.I, Cristian Auletta, 22, é uma das vítimas destes números. Ele conta que bateu o carro no mês passado ao dormir ao volante enquanto passava pela Rodovia Anchieta, em São Bernardo. O carro capotou mas, felizmente, não saiu ferido. “Depois que aconteceu, quando eu parei para refletir sobre tudo, fiquei realmente chocado ao pensar que eu poderia ter morrido ou tirado a vida de alguém que não tinha nada a ver com isso. O acidente mudou muita coisa. Tenho cuidado muito mais da minha saúde e redobrado minha atenção quando estou dirigindo”.
Lei Seca
Entrou em vigor na última quinta-feira (19) a nova Lei Seca, que ficou mais rigorosa. Com a mudança, houve um endurecimento nas penas para motoristas embriagados que causarem mortes no trânsito.
Anterior a mudança, em casos de morte, a Lei previa pena de reclusão de dois a quatro anos e a suspensão ou proibição do direito de dirigir. Mas, havia a possibilidade da alteração da pena para serviços comunitários prestados ou pagamentos de cestas básicas.
Agora, a Lei prevê que se o motorista matar alguém enquanto estiver sob influência de álcool ou droga está sujeito a prisão, que pode variar de cinco a oito anos e a suspensão ou a proibição do direito de dirigir. O infrator também não pode obter a liberdade sob fiança arbitrada por autoridade policial e o regime fechado pode ser adotado inicialmente a prisão.
Já em casos que resulte em acidentes graves ou gravíssimos, a pena estípula reclusão de dois a cinco anos para casos em que o condutor for flagrado alcoolizado ou alterado devido a substancias psicoativas. Antes, o crime era considerado como de menor potencial ofensivo e a pena variava entre seis meses e dois anos de prisão. Mas, devido a mudança o crime se tornou inafiançável.
O engenheiro de transito Rogério Russo diz que mesmo com as mudanças a Lei continua falha “O código penal é fraco e o de transito também. A punição deveria ser maior e encarada como um crime hediondo. Dessa forma a pessoa cumpriria a pena e responderia ao processo”.
Na última quarta-feira (18), durante uma palestra realizada na Universidade Metodista de São Paulo, o Tenente da Polícia Militar Rodoviária, Márcio Belo de Andrade, afirmou ser fundamental falar sobre o tema. “Precisamos quebrar o paradigma de que dirigir alcoolizado é normal”.
Uma fonte que não quis se identificar conta que o tio ao dirigir alcoolizado voltando para a casa bateu com o carro após dormir no volante. Segundo o relato, “ele saiu do bar depois do jogo e já estava muito bêbado. Algumas quadras perto de casa, dormiu no volante e bateu o carro. Mas ele nunca quis admitir que o que causou aquilo foi a bebida”. E completa: “não morreu ninguém mas a situação causou susto em toda a família”.
Pedestres
Com base em dados do Infosiga, os pedestres vêm logo em seguida, representando 38,04% de mortes na cidade paulista. Para o Tenente Andrade, existem problemas de infraestrutura em vias públicas que devem ter a atenção do poder público. “Não adianta nada a gente exigir que um cidadão atravesse na faixa de pedestre senão existe uma. Com certeza deve ter uma cobrança da sociedade sobre os órgãos públicos para fornecer uma estrutura de segurança para o pedestre, seja com semáforos, passarelas, ou com uma via que proporcione mais proteção para quem anda nas ruas”.
Os dados da tabela são referentes a cidade de São Bernardo - Arte: José Reis Filho
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