No Rudge Ramos, a quantidade de pessoas com mais de 60 anos equivale a população da Vila Vivaldi
No Rudge Ramos, 20% da população é idosa - Foto: Beatriz Lemos
Giulia Requejo
Luchelle Furtado
O número de idosos como mais de 65 anos será superior ao de jovens com menos de 15 anos nas próximas duas décadas, segundo dados do IBGE. A população brasileira chegará ao seu pico em 2047, com 233 milhões de habitantes, mas vai começar a encolher gradativamente, com a perspectiva de 228 milhões de pessoas em 2060.
No Rudge Ramos a situação não é diferente. De acordo com o Censo Demográfico de 2010, a região tem cerca de 42 mil habitantes e dentre eles, quase oito mil são pessoas acima de 60 anos. Este número equivale a praticamente toda a população do bairro Vila Vivaldi, onde o número de idosos já é superior ao de crianças com menos de 14 anos.
Para o historiador Ademir Médici, a grande concentração de idosos no Rudge Ramos não é uma particularidade do bairro, mas sim um fenômeno nacional. Ele explica que os investimentos em saneamento básico, industrialização e administrações públicas nas últimas décadas melhoraram as condições dos moradores. “Se fosse um município autônomo, o Rudge teria um indicie de qualidade de vida semelhante ao de São Caetano”.
Com o crescimento da população de maiores de 60 anos, cresce também a preocupação com a saúde. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a quantidade mínima de geriatras para atender os cidadãos deveria ser de um médico para cada 1.000 habitantes. A realidade do Brasil oferece 1 médico geriatra, especialista na saúde dos idosos, para cada 12 mil pessoas, podendo variar em cada estado.
Arte: José Reis Filho
Segundo a geriatra Ana Claudia Becker, o médico de família é importante por atuar na vida da pessoa como um todo. "A formação desse profissional é muito ampla. Ele consegue acompanhar o paciente e a família dele, identificar questões que vão além da saúde, em todo o contexto socioeconômicos e psico-social".
A falta do geriatra acarreta diretamente na procura dos especialistas, como ressalta a médica. “O Brasil sempre foi um país de jovens e culturalmente, as pessoas sempre optaram pelas especialidades. Não se entendia o geriatra como um médico que pode centralizar o cuidado e encaminhar nos casos necessários”.
As moradoras do Rudge, Ana Maria de Almeida Pioto, 69, e Sonia Terezinha, 67, afirmam que mantêm as consultas em dia, mas que optam por ir diretamente no especialista pela praticidade e costume."Eu acho que tem a necessidade de ter um especialista. Eu não me consulto com um geriatra porque tenho outros problemas de saúde" ressalta Ana Maria.
Arte: José Reis Filho
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