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Foto do escritorLuchelle Furtado

Aumenta o número de moradores em situação de rua em São Bernardo

Atualizado: 14 de jun. de 2018

De acordo com a prefeitura atualmente há 394 pessoas vivendo nessas condições no município

Moradores em situação de rua vivendo em frente a Paróquia São João Batista - Foto: Luchelle Furtado


Luchelle Furtado


O número de moradores em situação de rua tem crescido em São Bernardo. Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania da cidade, atualmente há no município, 394 pessoas nessas condições. Em 2007 eram 310, de acordo com dados levantados pelo IBGE. Para a prefeitura, o motivo do aumento se dá em razão da intensa migração vinda de outras cidades e estados. No mês de janeiro, de 324 pessoas que foram abordadas, 271 confirmaram a vinda de outro município.


Adolfani Aparecido Dionísio, 54, é um morador que integra essas estatísticas. No Rudge Ramos há pouco mais de uma semana, faz parte de um grupo de homens que divide cobertores, alimentos, álcool e drogas em frente a Paróquia São João Batista. Ele afirma que não se lembra desde quando está na rua, e diz ser o único culpado por viver nas condições atuais. Apesar de já ter tentado mudar de vida, reconhece que a ansiedade é o principal problema. “Tem pessoas que podem passar 20, 30 anos sem usar nada, mas quando volta, a caída é a pior coisa que existe”.


A voluntária Beatriz Senda, da ONG Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP), localizada no bairro, diz ser perceptível o aumento dos moradores, devido a uma maior procura do serviço oferecido pela instituição. A entidade realiza trabalho com essas pessoas, doando roupas, cobertores e outros utensílios.


Semelhante opinião tem a vice-presidente da ONG Movimento Amor e Trabalho (MAT), também do Rudge Ramos. Para Erika Thomazelli dos Santos, a entidade ajuda moradores de rua, principalmente com objetos materiais. “Em termos de roupas que se eles precisam eles vêm pedir, e no caso de vasilhas, pratos, talheres que é o que nós podemos ajudar aqui”.


Em 2014, uma pesquisa feita a pedido do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, revelou que 82% da população de rua é formada por homens. A maioria é de pessoas alfabetizadas e jovens que saíram de suas casas por enfrentarem dificuldades com a dependência de álcool e drogas. Outro fator apontado no estudo como um dos causadores do aumento de pessoas nessas circunstâncias é o desemprego.

Vivência nas ruas


Quem sabe bem o que é estar nessas condições é o ex-morador em situação de rua, Adão de Jesus Mariano, 33. Ele conta que a experiência na rua começou na infância, quando a mãe o levava com os três irmãos para vender doce no farol. Aos 17 anos, por intermédio da irmã, Cláudia de Jesus Mariano, que na época era traficante, o adolescente começou a abrir biqueiras em São Paulo, em áreas como Paulista, Pompeia, Praça da Sé, Consolação e outros. Foi no mesmo período que ele perdeu um olho por causa de uma bala perdida. 


Quando estava com 19 anos, Adão parou de traficar, mas havia se tornado usuário recorrente de drogas como cocaína, crack e maconha. Com 24 anos, ele estava de fato morando nas ruas, e essa situação perdurou por sete anos. Após o assassinato da irmã Cláudia, Adão resolveu juntamente com o amigo Rafael Deodato Duarte, 28, mudar de vida. No final de 2016, veio para São Bernardo onde ficou por um período ainda nas ruas.


Posteriormente, conheceu a Missão Belém, que é uma comunidade missionária que acolhe pessoas em situação de rua, localizada no bairro Água Limpa. Adão teve cinco passagens pela Missão Belém, até conhecer a Casa de Santa Clara – Comunidade Padre Pio no Rudge Ramos, que tem como objetivo ser uma “Casa de Passagem” para pessoas que se encontram na rua.  


Adão teve apenas uma recaída desde que está na comunidade e diz que a partir do momento em que voltou a ter uma vida na qual conseguia comer, dormir e tomar banho não aceitou ficar mais nas ruas. “Ali eu estava dignamente, foi por isso que eu voltei, eu me arrependi pelo que tinha feito”. Ele está há um ano e seis meses na Comunidade Padre Pio e atualmente é coordenador da Casa de Santa Clara. Adão se sente muito feliz com o que vem realizando e não quer se desligar da comunidade, mas pretende arrumar um novo emprego para reconstruir sua vida novamente. “Meu sonho é reestruturar de novo minha vida e ir atrás da minha felicidade”.


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