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  • Foto do escritorLuchelle Furtado

Mídia e violência; problema social e traumas pessoais em questão

Atualizado: 27 de nov. de 2018

De acordo com o Instituto Sou da Paz, Diadema e Mauá compõe a lista das mais perigosas na região

Arma de fogo - Foto: Divulgação


Luchelle Furtado


Segundo o estudo feito neste ano pelo Instituto Sou da Paz, Diadema e Mauá estão entre as cidades mais violentas do estado de São Paulo. O ranking, baseado em 138 municípios da região com mais de 50 mil habitantes, considera o registro de homicídios, latrocínios, estupros, roubos de veículos e de cargas para a conclusão do levantamento, a partir de dados mensais da Secretaria estadual de Segurança Pública.


Uma vítima dessa violência é o auxiliar de estoque, A.M. que, em 2008, presenciou o assassinato de seu avô. Na época, A.M. tinha apenas 12 anos. Ele conta que estava andando com seu avô, quando foram surpreendidos por um homem que anunciou o assalto e em seguida atirou. “Ninguém reagiu. Meu avô levantou a mão e tomou o tiro. Fiquei em choque, não entendia o que tinha acontecido”.


Alguns dias depois do assassinato, o homem que havia cometido o ato, foi preso e confessou o crime. Depois de pegar três anos de detenção, foi solto por bom comportamento. E, hoje, a não ser pelos familiares, ninguém se lembra mais do caso. Para A.M., se na época, o assassinato tivesse sido noticiado pela mídia, talvez o desfecho poderia ter sido diferente, como uma penalidade maior. “Quando a mídia dá atenção, a justiça fica mais pressionada a fazer um bom trabalho”, acredita.


Casos como esse são veiculados recorrentemente nas grandes mídias. Porém, fatores como a comoção do público, o sensacionalismo e a invasão de privacidade da família envolvida devem ser discutidos.


Para a psiquiatra Jessica Barbosa Lima, de São Bernardo, a mídia exerce um papel importante desde que saiba a maneira que irá tratar essas notícias. “Conforme a mídia publica, pode ser bom ou ruim, de acordo com o tipo de veiculação. Aquelas muito sensacionalistas acabam sendo um desserviço para os familiares ou aqueles que ficam”.


Semelhante opinião tem o jornalista e doutor em Teoria da Comunicação, Roberto Joaquim Oliveira, professor na Universidade Metodista de São Paulo, que ressalta a importância que os meios de comunicação têm frente à população. “Nas sociedades modernas, os meios de comunicação fazem a mediação entre a realidade e o espectador, ouvinte ou leitor. A realidade chega até o público de acordo com o que os meios estão dizendo. O jornalismo tem que levar em consideração a ética e não pode causar pavor nas pessoas”.


No entanto, segundo Oliveira, algumas pessoas só se veem retratadas na mídia a partir do crime. “Casos como o do maníaco do parque, da Eloá e do Celso Daniel, marcaram muito porque tiveram um apelo muito grande. Os meios precisam fazer com que a gente entenda as coisas e não tratar como casos isolados. Sabemos que tudo isso tem causas, origens e em grande parte essa questão está relacionada à miséria, ao desemprego e outras condições inumanas”.


Além da questão social, experiências violentas, ainda que não retratadas pela mídia, costumam causar traumas pessoas. No caso do assassinato do avô, citado no início do texto, A.M. diz que não ficou traumatizado, mas gerou um sentimento de impotência e angústia por não ter conseguido fazer nada.


Segundo a psiquiatra Jessica Barbosa Lima, esse sentimento após algum acontecimento violento se faz presente e pode acarretar em mudanças de comportamento. “É o fator surpresa, porque ninguém espera que alguém vai morrer de uma forma violenta, de uma hora para a outra. É um misto de sentimento, como impotência, revolta, vingança e vazio. Além de um total medo e insegurança de acontecer isso com a gente mesmo”.


Casos de violência marcantes no ABC


Maníaco do Parque:

Francisco de Assis Pereira, ficou conhecido como o “Maníaco do Parque”. Ele ganhou este codinome porque, em 1998, matou e estuprou seis mulheres e tentou assassinar outras nove no Parque do Estado, em São Paulo. O homem abordava suas vítimas, todas elas mulheres e jovens, na rua em locais públicos. Ele se apresentava como agente de modelos e leva-as até o parque do Estado, onde cometia os crimes.


Eloá:

Este caso ficou marcado por ser o mais longo sequestro em cárcere privado já registrado pela polícia no país, por mais de 100 horas. Durante a cárcere privado, a apresentadora Sônia Abrão conversou ao vivo com o sequestrador Lindemberg Alves, interagindo com ele. A repórter Zelda Mello, da Rede Globo, e outro repórter da Folha Online também entrevistaram o sequestrador.


Celso Daniel:

Em 2002, o então prefeito de Santo André pelo Partido dos Trabalhadores, foi sequestrado quando saía de uma churrascaria em São Paulo. O caso ficou marcado e causou grande repercussão por ser um crime que não teve uma conclusão até hoje. Dentre as hipóteses do que teria levado o assassinato é a de crime político, porque o então prefeito tinha, supostamente, um dossiê sobre a corrupção na cidade.


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