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Foto do escritorLuchelle Furtado

Atendimento do Hospital Municipal Universitário é motivo de insatisfação entre pacientes

Gestantes relatam descaso de funcionários e demora no atendimento do HMU


O Hospital Municipal Universitário, no Rudge Ramos, é exclusivamente voltado ao cuidado materno-infantil. - Foto: Letícia Rodrigues


Letícia Rodrigues

Luchelle Furtado

Tamara Sanches


O Hospital Municipal Universitário (HMU) é alvo de graves reclamações por parte de duas pacientes. Descaso, mau atendimento e negligência médica são as principais queixas e acusações sobre o local, que é considerado referência na região do ABC.


Iara Lázaro de Oliveira Santos, 35, afirma que a experiência vivenciada no HMU foi péssima. Grávida de oito semanas, ela conta que estava com um discreto sangramento quando resolveu procurar o hospital. O procedimento necessário seria a realização de um exame de ultrassom, porém, a médica negou realizar o serviço alegando ser ginecologista, e não responsável pelo ultrassom.


A gestante relata que foi colocada para fora do estabelecimento pelos seguranças do local, ainda com sangramento, e só conseguiu retornar após o marido chamar a polícia. “Depois o médico chegou para fazer o ultrassom, nem olhou na minha cara porque estava nervoso, e me disse ‘esse você perdeu, depois você faz outro’”, afirmou a paciente.


Após perder o bebê e receber orientações para tomar quatro comprimidos a fim de expelir o feto, teria que fazer raspagem no útero caso os medicamentos não funcionassem. “Não foi necessário fazer a curetagem (raspagem), porém fiquei sangrando muito e, como já estava desgostosa por tudo o que aconteceu, fui parar no Hospital Amparo Maternal”. Iara precisou ser encaminhada para outro estabelecimento, já que o HMU só atende pacientes que ainda estão gestantes.


Quando chegou à Maternidade Amparo Maternal, Iara ingeriu mais dois comprimidos, para que posteriormente fosse confirmada a ausência de restos em seu útero. “Se tivessem feito a ultrassom e o médico tivesse chegado no horário certo, eu não teria perdido meu bebê”, reclamou.


Já para Esther Fernandes de Andrade Santos Silva, 24, o atendimento também deixou muito a desejar. Com gravidez de alto risco, ia ao hospital com frequência, alegando dores e sangramentos, mas a resposta que obtinha era sempre a mesma. “Todo o tempo em que eu ia lá com dor eles falavam que era normal. Tudo para eles era normal”, criticou.


Devido ao hipotireoidismo, que é uma deficiência de hormônios de tiróide que pode causar problemas como aborto espontâneo, retardo no desenvolvimento mental e baixo Q.I para a criança, Esther teve a recomendação do seu médico particular de que o parto deveria ser cesariana. Porém, ela conta que a equipe de obstetrícia do HMU desejava realizar parto normal, indo contra a recomendação e alegando que a paciente não tinha conhecimento sobre o assunto.


Com 40 semanas de gestação, Esther foi encaminhada para o HMU inicialmente para realizar exames de ultrassom. Sentindo contrações a cada cinco minutos, a gestante foi atendida no local e mandada para casa. A orientação da equipe médica foi para retornar quando a contração estivesse ocorrendo a cada três minutos. Mas, ao voltar ao hospital, havia a necessidade de realizar o parto cesariana com urgência porque a sua filha já se encontrava em estado de sofrimento fetal (situação que indica diminuição de oxigênio).


Quando o bebê nasceu, foi direto para a UTI, onde permaneceu por 22 dias até sua morte. “Nenhum médico soube me responder o que aconteceu e o porquê da morte encefálica dela. O maior erro deles foi a negligência. Eles não têm um pingo de compaixão com o próximo”.


As especialidades do HMU são ginecologia, obstetrícia e neonatologia (serviço de pediatria voltado a recém-nascidos com até 28 dias de idade). São realizados cerca de 830 procedimentos por mês, sendo em média 128 leitos e 400 partos, de acordo com informações divulgadas pela Fundação ABC, que possui parceria e fornece serviços ao hospital desde 1999.


Nossa equipe de reportagem tentou entrar em contato com o HMU por meio de assessoria de imprensa e pela equipe de obstetrícia, mas até o fechamento desta matéria não obtivemos resposta do hospital.

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