Os funcionários que ainda estão no local trabalham por conta própria e não possuem salário fixo
Além de funcionar como um lava rápido e estacionamento, o local também conta as vezes com vendedores ambulantes - Foto: Ariel Correia
Luchelle Furtado
“Está faltando gasolina no país de novo?”. Essa foi a pergunta feita por uma motorista ao entrar no posto de combustível localizado entre a avenida Dr. Rudge Ramos e a rua Afonsina, no Rudge, enquanto a reportagem estava sendo feita. Funcionando há sete anos em um dos mais importantes pontos comerciais do bairro, a resposta para a pergunta da consumidora tem sido negativa nos últimos meses: não por falta de gasolina no Brasil – como na época da greve dos caminhoneiros –, mas porque o posto faliu.
Segundo o frentista Miguel Afonso Carvalho, que trabalhava no posto há um ano, a situação que já não estava fácil, piorou depois da greve dos caminhoneiros, uma vez que não chegava combustível no local e, dessa forma, não era possível ter lucro. O estabelecimento contava com 18 funcionários e após o dono declarar falência, apenas três permanecem. E são eles que tomam conta do negócio, atualmente. “Nós [funcionários] estamos trabalhando por conta e fazendo o próprio pagamento. Temos que pagar conta de luz e água para nos mantermos e trabalharmos”.
Hoje, o posto funciona como um lava-rápido, estacionamento e mantém a loja de conveniência mesmo com poucos produtos nas prateleiras. Além disso, os funcionários mantêm como prioridade a limpeza do local e a segurança para que o ambiente não fique totalmente abandonado. “O posto não foi lacrado e ainda existe combustível no local, que é fechado com cadeado e borracha”, explica Carvalho.
O gerente da loja de móveis planejados, que também está no local há quatro anos, quando questionado sobre os problemas acarretados por essa falência, ressaltou que a situação que o país se encontra afeta diretamente na vida de todos. “No momento, não surge efeito, mas a longo prazo sim. Tudo isso se agravou e as consequências vêm só agora”.
Meio ambiente
A situação não é prejudicial apenas para os funcionários que sofrem com o baixo movimento no comércio ou para os consumidores que não conseguem abastecer no local. O meio ambiente também sai prejudicado, como explica a engenheira ambiental, Mariana Coelho. “Os tanques do posto de gasolina precisam de um controle periódico para evitar que haja algum tipo de vazamento. Com o passar do tempo, o tanque vai criando fissuras, rachaduras e tudo isso vai para o solo”.
Há a possibilidade de ocorrer o vazamento do combustível e, dessa forma, o contato dessa substância com o solo faz com que a evaporação do conteúdo possa acarretar em uma explosão. Essa situação não é exclusiva de postos inativos. Segundo a engenheira, existem equipamentos que detectam se está havendo ou não o vazamento. “Por se tratar de compostos orgânicos aromáticos, eles trazem vários riscos como câncer, problemas pulmonares, isso além da explosão que traz riscos para a saúde humana”, explica.
Segundo os responsáveis do local, a previsão para o posto voltar à ativa é para o final desse ano ou início de 2019.
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